Darwin Marinho

"The sound of music": tentativa de contar a história da música no cinema!

Posted on julho 20, 2007. Filed under: cinema, Darwin Marinho, Música |

*Antes de começar, indico que leia ouvindo o incrível John Williams, eu recomendo a trilha de o Retorno de Jedi.
http://musica.busca.uol.com.br/radio/index.php?busca=john+williams¶m1=homebusca&check=artista#

É muito estranho ver imagens sem som, tanto que nem o cinema conseguiu ser totalmente mudo, não havia fala, mas o som estava lá. As exibições eram acompanhadas por um pianista que improvisava músicas a partir das imagens projetadas. Algumas salas mais sofisticadas usavam uma orquestra inteira, e poucos filmes usavam trilhas originais. Chaplin foi pioneiro ao escrever partituras que deveriam ser tocadas em cada cena de seus filmes, eram músicas simples que se adequavam ao seu estilo de filme.

Não faz muito tempo que escrevi sobre a relação som/imagem aqui no blog, mas agora vou tentar fazer uma análise mais profunda. No século XIX a música instrumental era dividida em absoluta e programática. A absoluta não utilizava nenhuma outra forma de apreciação para ser construída, seria a música feita por ela mesma, um exemplo disso seria a música de Bach, além disso, era uma música mais tradicional. A música programática teria surgido com o Romantismo na metade do século XIX, seria a música inspirada em formas não-musicais, a arquitetura, a natureza, exemplos disso são As Quatro Estações de Vivaldi e a Sexta sinfonia, a Pastoral, do meu caro Ludwig Van. Nessas musicas ainda não havia a intenção de contar uma historia através de uma sinfonia, isso só foi apresentado pelo francês Hector Berlioz em sua Sinfonia Fantástica que contava partes diferentes da historia em cada movimento da música.

O estilo criado por Hector Berlioz inspirou o Poema sinfônico desenvolvido por Franz Liszt. As músicas nesse estilo eram totalmente guiadas pela narrativa. Tchaikovsky e Richard Strauss tambés se aventuraram nesse estilo e compuseram músicas inspiradas em obras de Shakespeare e Cervantes. Essa união de música e literatura fascinou jovens artistas do séc. XIX criando uma escola desse estilo. Richard Strauss era considerado por Debussy “um compositor cinematográfico, por ser sua obra uma infinita fonte de imaginação cinemática, gerando uma cadeia de imagens estimuladas pelo som da grande orquestra”. E não posso deixar de citar Richard Wagner que criou dramas musicais (Tristão e Isolda, O Navio Fantasma) onde cada tema musical caracterizava uma ação do personagem.

No início século XX o mercado fonográfico passou por muitas mudanças e a música sinfônica tradicional perdeu muito de seu prestígio. Os compositores que não se adequaram às mudanças dos novos tempos foram para o cinema. Toda aquela história de música programática resultou nas trilhas cinematográficas.

Em 1926 surgiu o Vitaphone,tecnologia patrocinada pelos irmãos Warner, Era um aparelho que incluía um projetor e um toca-disco que sincronizava o som e a imagem, o primeiro filme sonoro a ser exibido foi The Jazz Singer(1927) com Al Johnson, o primeiro onde era possível ver alguém falar e cantar. Tinha muitos problemas, o chiado, por exemplo, e caso o disco arranhasse? A sincronia era perdida e o filme ficava insuportável. Depois surgiu o Movietone, da Fox, que imprimia o som na película e acabou com esses problemas de chiado e sincronia.

A utilização do som no cinema levou a uma série de discussões, afinal como o som deveria ser usado?No princípio usavam as músicas para encobrir o silêncio das cenas em que não havia diálogos, as músicas tinham um caráter ilustrativo, principalmente no cinema americano. Já que o Europeu contou com Sergei Eisenstein que desenvolveu teorias de utilização do som para a criação do ambiente. As teorias de Eisenstein só chegaram ao cinema americano em 1939 com o filme Fantasia de Walt Disney. Nesse filme a narrativa e os personagens estão totalmente submetidos à música. O filme não foi um sucesso de público, mas causou grande impacto no meio cinematográfico, pela primeira vez na história do cinema o roteiro do filme passa a ser a música.

Nessa época as trilhas eram quase que totalmente compostas por músicos europeus de grande tradição na música sinfônica, esse tipo de música se adequava perfeitamente a filmes épicos ou românticos, com King-Kong, E o vento Levou, Casablanca… Mas e quanto a comédias, westerns e filmes policiais? No final dos anos 40 surge uma nova geração de músicos para suprir esse tipo de necessidade. As músicas passam a ser mais específicas, e alguns diretores começam a adotar compositores para seus filmes, isso aconteceu com Hitchcock e Bernard Herman (que fez trilhas para Psicose e Um corpo que cai), Spielberg e John Williams (ele fez a trilha e quase todos os filmes do Spielberg, de Tubarão a Inteligência Artificial ), isso cria um clima incrível já que o diretor sabe como o compositor trabalha e vice-versa.

É nos anos 60 que a música pop entra no cinema, a atuação da musica sinfônica se torna mais pontual, surgem os grandes compositores populares e agora as pessoas saiam do cinema cantarolando, Singing in the rain, just singing in the rain, what glorious feeling I’m happy again… ou The hills are alive with the sound of music!

Nos anos 70 e 80 a música pop continuou sendo explorada em detrimento da música sinfônica, hoje as duas andam juntas, geralmente um filme tem uma partitura orquestral fazendo a trilha e a música pop presente na canção-tema. Eu adoraria falar mais sobre a música contemporânea no cinema, mas basta ver os filmes atuais para ver como isso funciona.

Segue aí um top 10 das minhas trilhas favoritas.

1 – Laranja Mecânica – de Genne Kelly a Bethoven a trilha desse filme é totalmente orgástica!

2 – Cinema Paradiso e Malena – As duas trilhas do Ennio Morricone, Cinema Paradiso perderia 80% de sua magia sem a música e o filme Malena não é grnade coisa, mas a trilha é incrível.

3 – aqui houve um empate entre duas trilhas do John Williams
Star Wars – eu particularmente prefiro a do Retorno de Jedi mas todas seguem a mesma tendência e são inesquecíveis.
Tubarão – essa trilha é do John Williams e nem precisa de muitos comentários, foi muito bem usada pelo Spielberg, o tubarão nem precisava aparecer, era só ouvir a música que já sabíamos que ia ter sangue.

4 – O Fabuloso destino de Amelie Poulain – a trilha é do multi-instrumentista Yan Tiersen, mistura música folclórica, pop e erudita, o resultado é uma trilha tão marcante quanto o filme.

5 – Um corpo que cai – trilha do Bernard Herman para um dos melhores filmes do Hitchcock, o aspecto sombrio das músicas combina muito bem com a atmosfera criada pelo Alfred.

6 – Os fantasmas se divertem – a trilha é de Danny Elfman, a sintonia entre ele e o Tim Burton é incrível

7- Pulp Fiction – Quentin Tarantino sempre usa suas canções favoritas em seus filmes, o filme não tem uma música original, mas mistura rock instrumental, jazz, surf music, soul e outras coisas viciantes

8 – Amadeus – Johns Strauss cuidou dessa trilha de forma magistral, e o Millos Forman dirigiu o filme como se a música fosse um personagem, genial!

9 –- E.T – também do John Williams, não dá pra esquecer a cena do E.T voltando pra casa, a do vôo na bicicleta… Músicas incríveis com o doce sabor da infância (clichês bombando)

10 – Quase Famosos ( as canções escolhidas pela Nancy Wilson são incríveis, dá vontade de viajar com uma banda em um ônibus velho)

Read Full Post | Make a Comment ( 1 so far )

"Viva a palhoça-ça-ça-ça-ça": curiosidades sobre a história da música brasileira

Posted on julho 11, 2007. Filed under: Darwin Marinho, Música |

Na década de 60 ainda não existia MTv, e a Record foi a primeira emissora de Tv a ter a música como principal tema de sua programação,os programas de maior sucesso eram o Bossaudade, o Jovem Guarda e o Fino da Bossa. O Bossaudade era voltado ao público mais velho apresentava números com Cartola, Pixinguinha, Noel Rosa e enfatizava o samba-canção.

O Fino da Bossa ia ao ar as Quartas-feiras 8h da noite, mostrava a Moderna Música Popular Brasileira, era liderado por Elis Regina e Jair Rodrigues. Foi um programa de grande importância pra música, pois serviu como divulgação para um novo estilo que misturava o samba e a bossa nova. Contava com grandes instrumentistas e excelentes diretores (Manoel Carlos, Carlos Manga) o programa juntava música, cinema e teatro.

Como a emissora buscava atingir o público de todas as idades aos domingos ia ao ar o Jovem Guarda, apresentado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa, esse programa marcou o auge desse estilo musical que surgiu em meados dos anos 50, quando apareceram os primeiros rocks brasileiros, tudo começou quando Cely Campello gravou uma versão de Stupid Cupid (de Neil Sedaka). Surgiram então vários conjuntos (soa mais charmoso que banda) de garagem, um deles, Os Sputniks era formado por Erasmo Carlos, Roberto Carlos, Tim Maia e outros não tão famosos. Com a ascensão da Bossa Nova o movimento perdeu espaço, mas o rock resistiu nas periferias e em 1963 surgiria um Roberto Carlos renovado cantando Splish-plash, Parei na Contramão e Calhambeque, passou a ser considerado o Rei nesse estilo, junto com ele veio o Erasmo cantando minha fama de Mau e em 1965 estreou o programa Jovem Guarda.

O programa chegava a ter 90% do ibope no horário, o estilo se popularizou e surgiam novos conjuntos a todo o momento, grupos vocais, instrumentais, duplas, enfim, uma infinidade de jovens com calças boca de sino, minissaias, cabelos alisados, roupas coloridas… O que não se pode negar é que esse movimento teve uma fortíssima influencia estrangeira que em alguns momentos se aproximou muito da cópia. O que se produzia não era realmente novo, a maioria das músicas eram versões de músicas do neo-rock inglês ou de bandas de rock chinesas, mas essa foi a maneira que o rock entrou na música brasileira.

Em um belo dia de sol Elis Regina e alguns de seus amigos conservadores do Fino da Bossa resolveram fazer um movimento contra o programa da turma da Roberto, bem, fizeram uma passeata pela “ordem e preservação da cultura nacional” parece até coisa de extrema direita conservadora, mas isso partiu de artistas aparentemente liberais, afinal era um absurdo que enquanto o Fino da Bossa que era um programa extremamente culto tivesse menos ibope e patrocínio que um programa que “tentava impor valores estrangeiros à cultura nacional”. Mas a diminuição do ibope do programa foi um problema causado pelos próprios artistas que o formavam, Elis e Jair estavam tendo problemas em suas carreira solo porque a imagem de um imediatamente era atrelada ao outro, as pessoas iam a um show da Elis e esperavam que o Jair fizesse um dueto com ela e vice-versa. Eles diminuíram as apresentações em dupla no programa e o público foi perdendo o interesse.

Os dois programas tiveram fim junto com a época de ouro da Record. O custo dos programas era muito alto e a emissora não tinha como arcar com os prejuízos dos dois grandes incêndios que destruíram boa parte dos equipamentos.

Moral da história, declarar ódio gratuito a cultura de massa não é uma boa solução, o movimento da Jovem Guarda influenciou muitas bandas interessantes do rock nacional e ainda foi parar no tropicalismo. Sem falar que Ronnie Von chegou a gravar alguns discos psicodélicos enquanto outros membros da Jovem Guarda se aventuravam na música romântica, no brega e no sertanejo. Então se você acha que falar de como funk, calypso e forró eletrônico são insuportáveis vai adiantar alguma coisa, desista! Já existem algumas bandas que sofreram influencia do funk carioca e o som que produzem é considerado o que há de mais moderno na música (Montage e Cansei de Ser Sexy por exemplo). Nossos filhos escutarão uma mistura de forró eletrônico, new metal e electro punk que vai ser insuportável para nossos ouvidos, mas será considerada a música revolucionária da época.

Read Full Post | Make a Comment ( 4 so far )

Diário do Cinéfilo

Posted on julho 6, 2007. Filed under: cinema, Darwin Marinho |

Recentemente me aventurei a ver um desses filmes que não acrescentam nada a quem está assistindo, tanto que estou fazendo um esforço enorme para lembrar do filme que vi “O quarteto fantástico e o Surfista Prateado”. Mas primeiro vamos falar sobre o que me levou a ver esse filme. Tem dias que não dá para assistir filmes complicados como o 13 homens e um novo segredo (não que seja um filme inteligente o roteiro é cheio de brechas e termos complicados pra dar a sensação de ser um filme inteligente, mas só consegue ser um filme confuso), por sinal nem vi o filme e me contaram qual é o maldito segredo… Mas tudo bem, vivendo e aprendendo a conviver com esse tipo de chato… Retomando o assunto, nesse dia estavam em cartaz no Iguatemi seis filmes ocupando as 12 salas, nenhum deles era brasileiro. Depois de vários sorteios e longas discussões o filme escolhido foi “13 Homens e um novo segredo”. Em menos de 10 minutos de filme resolvi mudar de sala, por conveniência e falta de uma opção decente entrei na que estava passando O quarteto fantástico. Aparentemente as pessoas estavam interessadas em ver o filme, o que já é espantoso… Para justificar ausência de um roteiro interessante o filme é cheio de efeitos especiais e isso vende muito. Conseguiram a proeza fascinante usar todos os clichês das histórias em quadrinhos e do cinema em um único filme… O filme arrecadou US$ 330 milhões no mundo todo, o que é compreensível já que a maioria da população prefere ir ao cinema e ver um filme totalmente alheio a sua realidade, do que ver alguma coisa que a faça pensar e que gere um certo incômodo, a partir desse desconforto vem a discussão e a conscientização. Mas de vez em quando é bom ver um desses filmes inúteis, pra dar umas risadas, falar mal dos produtores e escrever um texto leve e sem compromisso para um blog.
Read Full Post | Make a Comment ( 8 so far )

Audiovisualize

Posted on junho 27, 2007. Filed under: Darwin Marinho, Música |

A imagem é um meio muito poderoso. Política, religião, artes, usam as imagens para passar ideologias, conceitos, sentimentos… Agora junte ao poder dessas imagens a música. Projetar imagens que combinem com sons é uma idéia bem mais antiga do que você pensa. Em 1742 um padre jesuíta, Loius-Bertrand Castel, desenhou um órgão que ascendia luzes diferentes para cada nota musical. Depois vieram os artistas plásticos como Kandinsky, que criou quadros abstratos e expressionistas influenciados pela música, e o cinema experimental de Oskar Fischinger que criou o conceito de música visual, utilizando a música de Bach e Bethoven como elementos essenciais nos seus filmes.Nos anos 60 a banda The Doors inovou ao passar vídeos durante seus shows. Isso foi seguido por várias bandas ao perceberem o efeito que isso tinha sobre o público.

O uso de imagens torna o show mais marcante, tem uma diferença enorme entre ver o T-Rex tocando Children of Revolution sem nenhuma imagem e ver o T-Rex tocando Children of Revolution com imagens de protestos, guerras e destruição da natureza em um telão atrás da banda. Em um dos melhores shows que já fui esse recurso foi explorado de modo genial. Em certo momento uma lua aparecia no fundo do palco e o atravessava durante a canção, em outro momento a imagem de dados presos em uma gaiola representava um canário que não cantava mais, sempre lembro dessas imagens quando ouço essas musicas. Por sinal esse foi o show Universo Particular da Marisa Monte, que passou por aqui no inicio do ano. Outra banda que utilizou as projeções de modo marcante foi o Pink Floyd, não fui a nenhum show, mas já vi o dvd várias vezes e sei do que estou falando, caleidoscópios, lançamentos de naves, explosões, tudo em perfeita sincronia com as músicas.

Na década de 90 com explosão da musica eletrônica isso ficou mais popular, a profissão do VJ ficou mais valorizada e os Artistas Audiovisuais ganharam espaço e respeito. Na musica eletrônica as imagens aparecem como complemento, intensificando o efeito que aquela musica tem sobre a pessoa.

Geralmente as imagens são projetadas depois que as musicas são concebidas, mas dois DJs ingleses, Graham Daniels e Tolly resolveram inovar ao construir músicas a partir de vídeos. O som do filme se tornou a matéria prima da mixagem, um tiro, um estalar de dedos, o ranger de uma porta, um barulho estranho que alguém fez com a boca, tudo vira música. Essa dupla que resolveu tornar tudo áudiovisualizável forma o Addictive TV, eles já fizeram comerciais, trailers, e muitos clips empolgantes. O melhor de tudo é saber que eles fazem isso ao vivo. A dupla fez alguns shows aqui no Brasil a alguns meses, claro que só passaram pelo Sudeste como quase todas as grandes bandas que passam por aqui, infelizmente.

Vídeos do addictive TV:
pra quem tem o Quicktime pode ver no site
pra quem prefere ver no youtube:
remix do Filme Vem dançar:
de Hendrix a Bowie :
esses são os que mais gosto, mas tem outros aqui
Divirta-se!
Read Full Post | Make a Comment ( 6 so far )

Puttin’ on the Ritz – um pouco de cinema, moda e Hollywood!

Posted on junho 22, 2007. Filed under: cinema, Darwin Marinho |

Cinema e moda estão intimamente ligados. Até o século XV as roupas não se diferenciavam muito nas cores e estilo, a moda como conhecemos surgiu em meio ao renascimento cultural, os plebeus queriam se aproximar da nobreza e imitavam as suas roupas, os nobres mudavam o estilo das roupas constantemente para ficarem diferentes dos plebeus. O cinema surgiu no final do século XIX e com a sua evolução houve uma preocupação maior com o figurino, a partir desse momento cinema e moda passam a andar lado a lado.

As grifes viram a oportunidade de lucrar muito com a indústria cinematográfica. As pessoas assistem aos filmes e querem ser como seus heróis. Por exemplo, ao compra um terno Armani e dar um passeio pela cidade você não é apenas mais um vestido em um terno do rei de Milão, é o próprio Richard Gere em Bervely Hills no filme Gigolô Americano. Uma garota usando botas chanel pretas de cano alto e saias Kavin Klein se sente a Anne Hathaway em “O Diabo Veste Prada”. Esse é o objetivo do cinema e da moda, vender sonhos.

Até a década de 40 as produções eram muito exageradas, tudo era maior e mais caro que o normal, as pessoas iam ao cinema e se sentiam partes daquela realidade alternativa que se opunha ao que viviam. Nessa época o mundo todo estava em crise (grande depressão, 2 guerra…) . Na década de 50 usar jeans e camiseta virou sinônimo de rebeldia depois das aparições de James Dean em juventude transviada e Marlon Brandon em “Um bonde chamado desejo”. Em 1956 Brigitte Bardot apareceu usando um biquíni no filme “E Deus criou a mulher” , isso revolucionou a moda praia. E não podemos esquecer Marilin Monroe que foi a única atriz a se sustentar inteiramente na sensualidade, Grace Kelly que virou a personificação da elegância, claro que as roupas claras e a luz direta ajudaram a dar um ar mítico a suas personagens.

Na década de 60 Audrey Hepburn virou o ícone máximo que liga cinema e moda ao interpretar uma garota de programa em “Bonequinha de Luxo”, até hoje existem coleções inspiradas em seu personagem nesse filme. Com a corrida espacial, e a possibilidade de um futuro no espaço a moda refletiu a necessidade de estar preparado para esse futuro, no cinema isso pode ser visto em “Laranja Mecânica (mais uma vez citando esse filme)”.

Na década de 70 o filme estrelado por John Travolta, “Os Embalos de Sábado à noite” inaugurou a era disco, calcas bocas de sino, cintura alta, saltos plataforma (para homens e mulheres) se tornou peças obrigatórias para os que queriam estar na moda. Dois filmes nos anos 80 fizeram o mundo se render aos talentos de Girogio Armani, “Gigolô Americano” e “Os Intocáveis”, uma propaganda baseada nesse segundo filme foi premiada no festival de Cannes em 1992. Veja no youtube: http://www.youtube.com/watch?v=jiG5CxoM180&eurl=http%3A%2F%2Foglobo%2Eglobo%2Ecom%2Fblogs%2Flula%2Fpost%2Easp%3Fcod%5FPost%3D13690

Ainda nessa década no filme Annie Hall de Woody Allen, a personagem de Diane Keaton usava roupas largas e masculinas, esse estilo ficou namoda até meados dos anos 90, esse estilo de roupa se popularizou em uma época em que as mulheres começavam a ocupar cargos mais altos no mercado de trabalho.

Nos anos 90 dois filmes merecem destaque. Pulp Ficition de Quentin Tatantino e Prêt-à-Porter de Robert Altman. O primeiro por falar de cultura pop, e por ter lançado moda. O cabelo e as roupas de Mia Wallace viraram moda na época, basta dar uma olhada naquele álbum de família, ou nos vídeos de casamento… O segundo filme é um dos melhores relatos sobre os bastidores do mundo da moda, o filme mostra o lado negro dessa indústria, o filme se passa durante a Semana de moda de Paris e tem no elenco Marcello Mastroianni , Sophia Loren, Julia Roberts, Kim Bassinger e Tim Robbins.

Dois filmes recentes tratam desse assunto: O Diabo Veste Prada e Maria Antonieta. O primeiro mostra as sutilezas da indústria da moda, focando na paranóia das pessoas que trabalham com isso, mas a história interessante, a excelente atuação da Meryl Streep e ser baseado em fatos reais não correspondem a 30% das razoes do sucesso do filme, o principal motivo que levou milhões de pessoas ao cinema para verem esse filme foi o figurino escolhido por Patrícia Field!Dolce & Gabanna, Valentino, Kalvin Klein, Donna Karan e Chanel são os protagonistas do filme. O filme faz uma crítica ao mundo da moda, mas é ofuscada pela sensação de consumismo que as pessoas sentem ao sair da sala (o que é perfeitamente compreensível). Maria Antonieta mostra a história de uma das figuras mais fúteis da história, ela gastava fortunas em roupas,sapatos, festas, doces… Acredito que tenha sido a primeira vítima fatal da moda. Esse filme mostra a bem a questão do consumismo, em uma cena a diretora e ex-estilista Sofia Copolla mostra o momento das compras da rainha, alternando imagens de doces e roupas ao som de “I want Candy” do Bow wow wow., essa cena ilustra o prazer diante da compra, tudo nela parece comestível. Sofia Copolla disse que queria deixar tudo “doce para os olhos”. Estilistas de peso assinaram o figurino do filme, Karl Lagerfield, Christian Dior e John Galiano dirigidos por Milena Canonero, o filme ganhou o Oscar de melhor figurino.

Para terminar, na última edição de inverno do SP Fashion Week 16 desfiles tiveram suas temática inspiradas no cinema, filmes como Mad Max, Laranja Mecânica e Maria Antonieta inspiraram as coleções de inverno em 2007. E depois de ler tudo isso vem àquela dúvida, a arte imita mesmo a vida? Acho que quando as coisas envolvem moda e cinema a vida pode muito bem imitar a arte.

Curiosidades:
– Puttin’ on the ritz é uma música de Fred Astaire que fala sobre cultura pop, e a expressão tem o mesmo sentido de ” ponha isto na moda”.
– O figurino usado por Meryl Streep em “O diabo veste prada” foi baseado na usado por Audery Hepburn em “Bonequinha de Luxo”

Dicas:
– O cineclube da casa amarela está com a mostra Vilãs Memoráveis em cartaz, toda segunda 19h
– dia 01/07 o documentário Sábado a noite de Ivo Lopes de Araújo vai passar na Tv Cultura, fique atento a programção… depois informo melhor o horário….
Read Full Post | Make a Comment ( 10 so far )

"E tropeçou no céu como se ouvisse música"

Posted on junho 13, 2007. Filed under: Darwin Marinho, Música |

A música tem a capacidade de nos transportar para um plano mais elevado, por serem carregadas de sentimentos nos levam a experimentar as mais diferentes sensações. Veja o trecho de “Certas canções” de Milton Nascimento:

“(…) Certa emoção me alcança
Corta-me a alma sem dor
Certas canções me chegam
Como se fosse o amor (…)”

A música pode ser vista como forma de catarse, em “Minha voz minha vida” Caetano usa a expressão, “seu calor escraviza, mas é a única libertação”.
Em “A Banda”, de Chico Buarque, o trecho “a minha gente sofrida despediu-se da dor pra ver a banda cantando coisas de amor” mostra a capacidade da música de nos afastar dos problemas, é como se a música pudesse servir de consolo depois de uma grande dor. “A Banda” é uma crônica que mostra como a passagem de uma banda em uma rua tediosa liberta as pessoas de suas vidas tacanhas pelo menos por alguns minutos. Isso se repete em outras músicas do Chico, em “Olê, Olá” ele pede para “a amiga” não chorar enquanto ainda tem samba no fim da música o samba acaba e diz “e agora minha amiga já pode chorar”; em Tem Mais Samba, “Que o bom samba não tem lugar nem hora, O coração de fora Samba sem querer, Vem que passa Teu sofrer” Essas músicas dialogam diretamente com quem está ouvindo fazendo um convite para o samba, o que também acontece em uma do Roberto Carlos onde ele fala “Não quero ver você tão triste assim” e também em “Nossa Canção” que ilustra perfeitamente o abandono, é uma canção de despedida, triste, mas no fim dá uma certa esperança, é muito fácil se imaginar na situação contada através dessa letra, já que quase todo mundo deve ter passado por algo parecido.

Caetano e Vinicius de Moraes falam da tristeza como o ingrediente essencial para fazer uma canção em Desde que o Samba é Samba do Caê, “A tristeza é senhora, desde que o samba é samba é assim” e em Samba da Benção do Vinicius, “mas pra fazer um samba com beleza é preciso de um bocado de tristeza…” E Marisa Monte mostra uma das faces da música com que mais me identifico a nostalgia, a canção “Esta melodia” ilustra muito bem isso. Por ser cheia de emoções, verdadeiras ou fingidas, a música nos transporta para um mundo criado pelo compositor, nos fazendo mergulhar em seus sentimentos. Agora me lembrei de uma cena do filme Amadeus, eu sei que essa não é a coluna de cinema mas preciso contar, um dos personagens do filme, Salieri, diz que ouvir a música de Mozart era como ouvir a própria voz de Deus, isso é uma tentativa de mostrar o caráter divino da música.

Triste, alegre, nostálgica, melancólica, divina, pagã, seja como for só não deixe de ouvi-la, e não subestime o poder de uma boa música.
Read Full Post | Make a Comment ( 8 so far )

Cinema, economia, sociedade e outras coisas…

Posted on junho 8, 2007. Filed under: cinema, Darwin Marinho |

Aproveitando o Cine Ceará hoje vamos falar de festivais!

Segundo o Guia Brasileiro de Festivais de 111 festivais serão realizados em 2007, em 2006 esse número era 72. Estima-se que esse mercado movimenta cerca de 20 milhões, vindos principalmente de patrocínios federais, e gera mais de 10 mil empregos. Também existem mais 100 festivais internacionais que recebem filmes brasileiros em mostras competitivas e informativas, a Ancine (Agência Nacional de Cinema) seleciona o filme e financia o envio e as passagens para os locais onde ocorrem os festivais. Mas qual a razão desses números? O único motivo para eles estarem aqui é impressionar, números sempre passam confiança, e nesse caso mostra um lado mais economista dessa “indústria do entretenimento”. Além do Cine Ceará outros dois festivais serão realizados aqui na Terra da luz, o Curta-Canoa em setembro e o Nóia – Festival Brasileiro de Cinema e Vídeo Universitário em novembro. No nordeste esse ano serão 16, sendo quatro em Pernambuco, o estado dessa região com maior número de festivais.
Os festivais desempenham um papel essencial na divulgação da produção nacional, além de serem bastante democráticos quase sempre são gratuitos ou a preços populares, o que é muito importante visto os preços dos cinemas atualmente, mas o problema é fazer as pessoas que lotam os cinemas para ver Homem Aranha, Piratas do Caribe, Harry Potter, Shrek e companhia se interessarem em ver um filme de baixo orçamento que discute política, religião, arte, educação… Infelizmente a cultura de massa está bem distante do que é considerado “alta cultura”. Não que a maioria da população prefira coisas que não trarão nenhum acréscimo para sua consciência político-cultural, mas resolveram fazer a escolha mas simples. É mais fácil ir ao cinema e assistir um blockbuster que teve uma matéria em todos os jornais do que assistir aquele filme braseiro que teve uma nota inexpressiva perdida no meio do anúncio daquele blockbuster, mas essa já é outra discussão…
Infelizmente a semana em que os olhares da indústria cinematográfica brasileira estiveram sobre nossa cidade está acabando, e já encerraram as mostras abertas ao grande público. Quem não foi perdeu a oportunidade de ver bons filmes que não entrarão no circuito comercial e que dificilmente conseguirá ver de outro modo, além de ter diretores, produtores e atores bem acessíveis, o que é ótimo pra fazer contatos caso você queira trabalhar no meio. Não se desespere se você perdeu, ainda vamos ter outros festivais por aqui esse ano e dessa vez não troque a tela de cinema pela tela de TV ou computador…

Calendário dos Festivais Nacionais e outras coisas…
http://www.kinoforum.org.br/guia/2007/index.php
Agência Nacional do Cinema
http://www.ancine.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?tpl=home

Read Full Post | Make a Comment ( 8 so far )

Liked it here?
Why not try sites on the blogroll...