Archive for maio \31\+00:00 2007

A arte de adaptar.

Posted on maio 31, 2007. Filed under: Daniel Bandeira, Teatro |

O melhor da arte, seja ela qual for, é apoderar-se de técnicas, formas, materiais e outros meios para crescer e inovar-se. Considera-se o teatro como a síntese dos elementos artísticos. Sendo assim, a literatura é, provavelmente, o elemento mais sugado de todos. Tornou-se comum a arte do adaptador, que transforma o texto literário em dramaturgia. A mente do artista é um ferver intenso, e ao ler, seja qual for o tipo de texto, o artista eleva as palavras do papel e as transforma em cena em sua imaginação. Assim, fez-se crescer essa prática tão constante e tão enriquecedora no teatro: adaptar.

O romancista lida com a narração e o poeta com os versos, mas o veículo do dramaturgo é o diálogo. Aqueles também podem valer-se do diálogo, mas não em absoluto. Drama, etimologicamente, significa ação. O dialogo por si próprio não constitui ação, sendo assim as falas não sustentam isoladamente a peça. É na passagem da narração para a fala que entra o grande desafio do adaptador. Ele tem a difícil missão de desenvolver o conflito e o enredo, que no romance são expostos por um narrador, apenas sustentados em falas.

Acredito que arte é algo cíclico, nela nada se cria e nada se perde: tudo se transforma. E por isso essa constante renovação, recriação e adaptação de tudo. Contudo, essa disseminação da arte de adaptar pode ser banal. Há muitas vantagens quando se traz a trama de um livro para o palco, mas alguns podem achar que essa é uma tarefa fácil, e pecam nessa mudança de linguagem. “O diálogo teatral requer um encadeamento próprio, porque deve ser transmitido pelo ator. Sua matéria, na boca de um ser humano que o pronuncia, visa criação da personagem. No transcurso do espetáculo, instaura-se o universo teatral por intermédio da ação de personagens em cena”. O teatro é uma outra forma de linguagem, e é preciso pensar no texto de forma teatral, porque senão se perde ou a literatura ou a encenação.

Na peça as meninas o diretor e adaptador do texto, Lucas Sancho, utilizou de uma metáfora usada no próprio livro de Lígia Fagundes Teles. A idéia de que as três meninas seriam como as três pontas da base de triângulo foi trazida literalmente para o teatro, sendo o cenário um triângulo e cada uma em sua ponta. Mas no momento que um desses lados cai tudo se desmorona. Na peça A Casa o espectador é envolvido por uma ótima interpretação e um show de luz e som, contudo a peça falha um pouco na adaptação. No romance de Natécia Campos a personagem, a casa, apenas expõe os acontecimentos vistos por ela, mas na peça a personagem também toma partido destas. A narradora apresenta, em suas expressões, sentimentos com os personagens. O espetáculo é, sem dúvidas, muito bom, mas pensando na obra literária pecaria nesse ponto. Mas cabe ao espectador e leitor desfrutar daquilo que lhe é oferecido. Sendo assim, vocês podem analisar trabalhos de adaptações da literatura para o teatro que estão em cartaz nesse mês de junho. Segue abaixo as informações:

As Meninas, Grupo Cabauêba.
Adaptação do romance de Lídia Fagundes Teles por Lucas Sancho.
Sextas de junho (8, 15, 22 e 29) e julho (13, 20 e 27), 20h – Teatro Sesc Emiliano Queiroz. Sem informação de preço.

A Casa, Grupo OUSE!
Adaptação do romance de Natécia Campos por Jadeilson Feitosa.
Sábados e Domingos de junho (exeto nos dias 02 e 03), às 17h no Teatro Dragão do Mar. Entrada: R$10,00/ 5,00.

O Guarani, Grupo OUSE!
Adaptação do romance de José de Alencar por Jadeilson Feitosa.
Sábados e domingos de junho, às 20h no Teatro Paurilo Barroso (Christus Anexo). Gratuito.

Esses dois últimos espetáculos fazem parte do projeto VESTEATRO, idealizado há 10 anos pela arte-educadora Nazaré Fontenele. O projeto traz em cena adaptações dos livros indicados para o vestibular da Universidade Federal do Ceará.

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"E ver um mundo novo, sair do meu aquário"

Posted on maio 30, 2007. Filed under: Bruno Preá, Música |


Vivemos em um país de grandes extensões territorias e, como em qualquer parte do mundo, as manifestações artísticas nao acontecem numa seqüência lógica. Então por onde deveríamos começar o nosso garimpo?
Que tal se começássemos por um estado que tem um incentivo à cultura tão baixo a ponto de inviabilizar o acontecimento de movimentos como o “Música no Museu”, que percorre museus do país divulgando e trazendo conhecimentos da sonoridade de instrumentos musicais como a harpa? Acho que seria uma boa idéia… Então, vamos começar pelo Ceará.
Com o auxílio de amigos e de poucas emissoras de tv e rádio que cedem algum espaço às bandas locais, chegamos a uma lista encabeçada pela banda Brevis.

Brevis significa o que realmente parece: breve, curta duração. Quem garante? Formada em 2005, por cinco rapazes (Miguel Cordeiro – Vocal; David Rodrigues – Guitarra e Vocal; Jorge Roque – Guitarra; JJ – Baixo; Paulo Victor “Bolinha” – Bateria) de Fortaleza, a banda já tem um currículo respeitável: uma apresentação no “Festival Ceará de Música” e duas na “maior boate da América Latina” ao lado de Fresno (RS) e Forfun (RJ), mesmo fazendo um som diferente das bandas de emocore citadas.
A banda Brevis faz um som contemporâneo, ou seja, de difícil classificação. Talvez esse seja seu diferencial. O que vai nessa caldeira não são diretamente os clássicos do rock. A banda junta o post rock¹ do Sigur Ros e post hardcore² do The Used e Finch. Por essa leve versatilidade, alternando estilos diferentes nas suas composições, a Brevis vem ganhando seu espaço.

A Brevis parece já ter encontrado o seu caminho dentro das composições e a receptividade tem sido muito boa. As letras, falando de angústias introspectivas em tons confessionais, já renderam à banda apresentações em grandes eventos do estado, como o Ceará Music, e em grandes boates como Mucuripe Club, sem abandonar os ambientes que lhes apresentaram ao público cearense, como Hey Ho Rock Bar.
Não nos cabe dizer a quem nos lê se a banda, no caso, apresentada é boa ou ruim. Todos nós temos a nossa opinião formada quanto ao que nos agrada e você, leitor, sabe o que é lhe agrada e o que não.

¹ (mistura de rock progressivo, Pink Floyd, por exemplo, com o rock alternativo, Beck, Jet, Coldplay…)
² (a versão mais recente do hardcore).

*Mais informações, músicas da banda, fotos…:
Título: Aquário de Coisas – Brevis

http://tramavirtual.uol.com.br/artista.jsp?id=37321
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=8216835
http://www.youtube.com/watch?v=DyaA1IpxGKY
http://www.fotolog.com/brevisrock

*Agradecimentos:
Lívio Rocha – www.deverasperfido.blogspot.com

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TOP 10

Posted on maio 29, 2007. Filed under: Publicidade, Saulo Lima |

*Este texto foi escirto por Saulo Lima

Este blog estreou recentemente. Ainda não me considero um grande crítico de comerciai de TV, mas tomei a liberdade, fundamentando-me em algumas opiniões, de fazer uma lista, meio que simbólica, de 10 marcas com as melhores propagandas na TV brasileira. Isso mesmo! Não se trata de “uma melhor propaganda de um produto”, e sim, dos melhores anúncios de várias marcas – no caso dez – que sempre vêm inovando seu trabalho a fim de, não apenas, ganhar novos clientes, como também assegurar seus habituais compradores. Por isso não estranhem a falta de uma propaganda criativa. Levou-se em consideração o histórico das marcas.Dentre os critérios utilizados, observou-se se a propaganda era original, chamativa e persuasiva. Ao fim do processo, chegamos ao seguinte resultado:

10Albany: Esse “confronto” homem x mulher, por causa das diferenças entre os sexos, serviu base para uma propaganda bem interessante do Albany que fala das diferenças entre homens e mulheres. Algo, assim digamos, “leve”, que não fosse interpretado como uma forma de preconceito ou semelhante.

9Brahma: A Brahma, atualmente com o Zeca Pagodinho, não é uma das melhores propagandas da TV, apesar de o novo slogan – “Quarta-feira agora é Zeca-feira”, que está mais para lema, já ter virado mania. Mas não podemos deixar de esquecer seu “auge”. Já presenciamos duas ótimas campanhas com esse produto. Um deles foi a dos caranguejos/siris que saiam e bebiam a cerveja de um indivíduo na praia e que, no fim, ainda o zombava com o, na época, tão falado “Nã na na na”. Outra foi na época de Copa do Mundo de 2002 (que traz ótimas lembranças, por sinal) com a tartaruga craque no futebol e seu “íííííí”.

8Chevrolet: Das propagandas atuais de carros, esta é a que chama mais atenção. Seu slogan é uma frase de incrível auto-confiança que nos faz acreditar, se comprarmos, adquiriremos o melhor produto. Sim, estou falando da “Campanha do Vectra”.Antes desta campanha “estrear”, as pré-estréias faziam um chamado por um melhor design do carro. Após um tempo, a marca vem dizendo que depois de vários testes com inúmeros designs, cores e acessórios, restou apenas um estilo para o novo Vectra: o antigo Vectra, acompanhado de uma frase singela: Um Vectra não precisa de mais nada. Realmente, sou obrigados a concordar. Este carro é um ótimo produto, com um preço acessível em comparação a outros de mesmo estilo. É bonito, elegante e que, de acordo com o que quer dizer o novo slogan, “se melhorar, estraga”.

7 Unibanco:Ultimamente, o comercial de animação gráfica da Unibanco vem desbancando a concorrência. Através dos carismáticos “mascotes”, a empresa vem ganhando cada vez mais clientes. Até porque a sua propaganda não é, em nada, enganosa. Tudo que eles afirmam fazer, eles fazem mesmo. É algo simples e engenhoso.

6Visa: Sou obrigado a destacar a mais recente campanha desta empresa. É uma propaganda bem criativa e de impacto. O “Agora só falta isso; não falta mais” é, realmente, uma frase de efeito que nos faz acreditar que este é O produto. Sem deixar de lado a grandiosidade da produção do comercial. Também não é divertida, mas é muito interessante e de uma simplicidade incrivelmente engenhosa.Entretanto não consegui encontrar uma propaganda desta campanha na rede mundial de computadores. Mas isto não me impede de postar um grande comercial desta mesma marca.

5Claro: A Claro pode estar no mercado há pouco tempo, mas vem sempre com ótimas propagandas. São criativas, divertidas e envolventes. É impossível destacar uma ou duas de seus comerciais, uma vez que ela tem sempre inovado. Alguém aí se lembra daquela, se não há engano, no Natal, em que filhos ganham dos pais um Marcelo Antony ou uma Karina Bachi e eles não gostam? “Poxa mãe, eu queria um celular da Claro, por ter muitos modelos, baratinhos e que lhe dá até R$ 600,00 de bônus”. Outra, também muito divertida, é aquela em que, também no Natal, a mãe “flagra” a filha falando com alguém. Esta prontamente responde: “Tô falando com o Papai Noel. Dããã! Pensou que fosse com o chipinho da Claro?”.Outra, umas das mais recentes é a que diz o que nós podemos fazer com o dedo indicador. Simples e criativa, mas interessantíssima. Devo confessar que o comercial encantou muitas pessoas.

4 Mastercard: Desde que foi lançado, o “Existe coisas que o dinheiro não compra. Para todas as outras existe Mastercard.” virou um slogan inesquecível. Praticamente um exemplo de vida. O bordão é genial e “ta na boca do povo”. Tanto por ser criativo, como por ser verdade mesmo. Nem tudo se compra. Nem tudo se vende. E é isso que a campanha em si quer dizer. Os sentimentos não têm valor comercial. Mas o resto, sim.

3 Seda: A marca seda sempre traz uma ótima propaganda, criativa e divertida, mas a que mais me chamou atenção até agora foi aquela com o slogan “Me olha. Me olha de novo”. Uma frase que chama a atenção, por ser realmente o que acontece com as mulheres, acompanhada de um anúncio bem criativo e que, além de tudo, ainda faz do sexo feminino uma raça confiante, inteligente e com respeito próprio.

2Skol: Essa é uma das únicas propagandas que sempre tem temas divertidos e criativos. Sempre inovando, a Skol já trouxe vários temas divertidos. A “cerveja que desce redondo” não precisa apelar com milhares de pessoas dizendo experimenta para convencer seus compradores. Usando-se de temas criativos, ela faz pessoas pararem o que estão fazendo para a assistir.

1 Bradesco: Viu-se nesta lista, que as propagandas eram, antes, originais do que grandes. Entretanto esta empresa soube conciliar as duas características. É, até agora, a melhor e maior propaganda brasileira. Bradescompleto é o slogan mais criativo, produtivo e auto-confiante de todos os tempo. Elogios para este não faltam. Agora, de todas as propagandas já apresentadas deste banco, a partir deste slogan, com certeza, a melhor é aquela com Cirque de Soleil. Um clássico. Amabilíssimo. Comparando as atrações artísticas magníficas e envolventes do espetáculo ao trabalho e às propostas do Bradesco.

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Impresso X Virtual

Posted on maio 29, 2007. Filed under: Jornalismo, Marina Rosas |

*Esse texto foi escrito por Marina Rosas

Com o grande aumento no número de publicações na Web uma questão entrou em pauta: o jornal impresso estaria caminhando para o seu fim? Esse fim seria num futuro próximo? Bom, essa é uma questão que afeta tanto os futuros jornalistas quanto os futuros publicitários, e por que não dizer toda a sociedade?Não se podem negar as vantagens que os jornais digitais têm. É muito bom participar mais, poder acessar várias vezes ao dia e encontrar notícias diferentes, e tudo isso sem ter que desembolsar nada!

Apesar da interatividade, da rapidez com que as notícias são divulgadas e do menor custo do jornal digital, muitas pessoas que trabalham no ramo acreditam que ainda não é o fim do jornal impresso.

Afinal, a interpretação, a explicação e a análise mais minuciosa dos fatos ocorrem, tradicionalmente, em edições impressas. Ao contrário dos meios mais rápidos de comunicação, que se preocupa mais com a instantaneidade da notícia do que com a sua profundidade.

Além disso, essa nova “concorrência” obriga os jornais a fazerem modificações, seja no seu conteúdo, seja na sua forma. Foi o que aconteceu com o jornal “O Povo” de Fortaleza, que reformulou o seu estilo gráfico editorial recentemente. Isso é bom para o consumidor, porque adquire um produto de melhor qualidade!

Grandes grupos editoriais em todo mundo estão investindo na modernização de seus parques gráfico, isso indica que, pelo menos em médio prazo, as publicações impressas têm seu lugar garantido, pois sabemos que os empresários não gastam dinheiro à toa.

A praticidade de se carregar o jornal ou a revista para onde quiser, e poder ler enquanto está no ônibus ou esperando uma consulta, é outro fator que contribui para mantê-los por mais algum tempo no mercado, pois muitas vezes não temos tempo para sentar no computador e ler cuidadosamente as notícias. Até porque, nossa seleção do que é ou não importante tem que estar mais aguçada devido ao grande número de informações que são divulgadas.

Uma pesquisa realizada por Donica Mensig (então estudante de jornalismo da Universidade de Nevada, nos EUA) mostrou que os jornais online não chegam a prejudicar suas edições impressas. E várias vezes fazem com que o interesse dos leitores aumente. Ou seja, além de poderem ser usados como complemento de suas edições impressas, as versões eletrônicas podem servir como uma poderosa ferramenta de marketing!

Acredito que ainda haverá lugar para os bons jornais impresso por um bom tempo, até porque a tecnologia ainda não evoluiu o suficiente para se adequar ao sistema óptico humano…

Dica: para quem ainda não sabe o portal de notícias da Globo (G1), disponibiliza um espaço onde você se cadastra e pode publicar fotos, vídeos e notícias.http://vcnog1.g1.globo.com/VCnoG1/0,,8491,00.html
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A Menina Poema

Posted on maio 27, 2007. Filed under: Literatura |

A literatura, sendo a arte de compor ou escrever trabalhos artísticos em prosa ou verso, é uma forma de comunicação e compartilhamento de idéias e histórias. Portanto, não poderia ser excluída de um blog cujo intuito é discutir uma forma de se comunicar de maneira alternativa e independente. E como nós não perdemos tempo, escolhemos para a primeira pauta desta seção mostrar o trabalho de Rita Apoena, escritora que teve os seus textos divulgados primordialmente em um diário eletrônico e hoje tem fãs em vários estados do Brasil.

Rita conquistou um considerável número de leitores com suas metáforas e seu ‘jornal das pequenas coisas’. Usando uma linguagem simples e singela, consegue mostrar a vida como você deixou de perceber. Seus dedos transbordam poesia, e os seus poemas exalam seu amor pela natureza, bem como sua crença em um mundo melhor.

Rita Apoena cursou dois anos de Letras na USP, trancou a matrícula e resolveu estudar fotografia no Centro Universitário Senac, onde diz ser o tempo todo estimulada a criar e encontrar sua própria linguagem. Nas linhas que seguem, a doce poetisa fala sobre literatura e a sua forma de fazer poesia.

Quando/como surgiu o interesse pela poesia?
Desde sempre. Das lembranças que tenho da infância, percebo que eu via as coisas de um jeito muito parecido como as que eu vejo hoje. Eu me alfabetizei cedo e por iniciativa própria porque precisava escrever meus poeminhas, quase todos sobre passarinhos em gaiolas. Eu tinha esperança de que as pessoas grandes lessem e não fizessem mais aquilo. Era algo que me tirava o sono, assim como o desmatamento da Amazônia, a extinção dos animais, a fome no mundo etc. A gaiola foi a minha primeira percepção de injustiça e, por conta dela, eu passei a escrever. Como podem ver, comecei com uma literaturazinha totalmente panfletária.

Você pode dizer que a literatura que você faz foi influenciada por algum escritor em especial? Por quê?
Até hoje, não sei dizer a diferença entre influência e identificação. Eu gostaria muito de ser influenciada por Herberto Helder, que é meu poeta preferido. Ou Drummond. Ou Raduan Nassar. Mas nem se eu tentasse a vida inteira, eu seria capaz de escrever como eles. Já o Mário Quintana, desde o primeiro instante que li, foi imediata a identificação. Aliás, o Mário Quintana foi o meu Brad Pitt da adolescência e, quando ele morreu, eu fiquei tão deprimida como se tivesse perdido alguém da própria família. Quiçá, do mesmo planeta. Quando ele morreu, eu me senti muito sozinha.


Como você definiria os seus textos e a sua maneira de fazer literatura?
Eu acho que são simples e despretensiosos, só isso.

O leitor, ao apreciar os seus textos, muitas vezes consegue sentir o seu prazer pela escrita, bem como a sua vontade de viver dela. Qual a sua perspectiva em viver de literatura em um país onde a leitura ainda é precária?

Não tente em casa ou longe de algum adulto (risos). Bem, tenho a meu favor um imenso desapego às coisas materiais. Percebi que a diferença entre ter muito dinheiro e pouco dinheiro é que você compra muitas ou poucas coisas, respectivamente. Claro, além do essencial que todo ser humano tem (ou deveria ter) o direito. Por exemplo, tenho um celular que, quando tiro da bolsa, meus amigos fingem que não me conhecem (risos). Mas está funcionando, ora! Por que vou comprar um celular sem tampa, depois um que abre a tampa, depois um que desliza a tampa, depois um com tampa mágica se o mesmo celular vai me deixar feliz toda vez que um amigo me ligar? Então, eu não tenho ilusão alguma de ganhar dinheiro fazendo (ou tentando fazer) literatura.

A divulgação e publicação do seu trabalho foram feitas somente através da Internet? Como começou todo esse sucesso?
Em 1998, eu criei um diário na Internet, feito em html e atualizado no Front Page. Mostrei apenas a alguns amigos muito íntimos. Foi assim que começou: por culpa de alguns amigos línguas-grandes, que não sabiam guardar segredos. E continua assim, desde então. Um gosta e conta para o outro, eu acho intrigante.

Até que ponto você acha que o surgimento dos blogs e da comunicação alternativa em geral pode influenciar a literatura? Tanto a produção como a leitura?
Assim como surgiram os romances de folhetim, no início do século XIX, eu acho que os blogs de hoje podem dar uma nova roupagem à produção literária atual. No meu caso, o formato blog foi mais do que decisivo nas minhas escolhas. Eu pensei: puxa, ler nesse monitor é muito chato. Eu tenho de encontrar um jeito de dizer tudo o que eu quero dizer em pouquíssimas linhas. E assim fui limando tudo o que eu escrevia, até chegar ao miolo.

Pode-se observar, via Internet mesmo, que o seu número de leitores cresce a cada dia, como você se sente com tudo isso?
Perplexa. Eu juro que não entendo o que tanto o pessoal enxerga nos textos! Daí, eu mesma começo a virar o texto de todos os lados, olho daqui, olho dali, viro de bundinha para cima, ergo o bracinho, fico tentando achar alguma explicação. Eu ainda acho que nem é por conta das palavras que eu escrevo, mas porque sou um pára-raio de gente maravilhosa. Tenho leitores que me acompanham desde o comecinho na Internet, desde os tempos da escola, outros vão chegando e ficando, é assim. Nem é Literatura, é uma grande amizade.

Rita Apoena deverá lançar seu livro até o final do ano. Segundo a autora, ‘É um livro pequeno, de poucas páginas, embora eu esteja escrevendo há quase dois anos. As teclas que eu mais uso são: delete e backspace. Existem duas versões do mesmo livro. Uma, feita para as crianças pequenas, conta com as ilustrações da minha amiguinha Liège, de seis anos. A outra versão, feita para as crianças grandes, tem as ilustrações do meu querido amigo Jay, do Yolk’s Yogurt’.

Você pode encontrar a poesia de Rita em http://ritaapoena.zip.net/index.html.

*Ilustração: Jovan de Melo (Jay), em http://fotolog.com/yolks_yogurt.

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E O QUE VAI FICAR NA FOTOGRAFIA

Posted on maio 26, 2007. Filed under: Fotografia, Marcella |

Certa vez, Odair José compôs uma música incluindo a seguinte frase “A felicidade não existe, o que existe são momentos felizes”. Ele pode não ter se referido à fotografia, mas, a frase simboliza o que essa arte representa para mim.
As fotos resumem as palavras. Pode-se detalhar um belo casamento ou uma viagem inesquecível, mas quando você vê a fotografia é que a descrição toma forma, torna-se real. Hoje a fotografia vai além de apenas retratos, tornando-se uma preocupação em várias áreas como novelas, filmes, campanhas publicitárias e muito mais, pois luz na medida certa e boas locações chamam a atenção do público.
Além de eternizar momentos, a fotografia é uma forma de expressão. O artista capta a imagem em ângulos incríveis que emocionam, encantam, surpreendem. De certa forma ele foca a própria alma em suas impressões e nenhum recurso tecnológico consegue esconder os instantes emotivos registrados.
Acredito no poder de comunicação da foto, nas emoções que elas transmitem para quem olha, mesmo com desinteresse. A fotografia impulsiona você a sentir aromas, sabores e cores pessoalmente e não apenas na estática das imagens, por isso que tirar fotos nunca será um exercício fora de moda, infinitos são os caminhos da poesia e o registro das imagens é uma de suas raízes.
Hoje eu começo uma viagem pelo mundo da fotografia e suas funções na área da comunicação, e quero lhe convidar para descobrir esse universo cheio de beleza e êxtase dos registros fotográficos. Se você topar, é só dar uma passadinha aqui no blog todos os sábados, porque João Marcos, Gisa e eu teremos o maior prazer em repartir nossas descobertas. Fique à vontade e aproveite!

“Meu exercício com a fotografia é de paixão, de mistério, de algo que salta aos sentidos. É um tipo de relação que, se eu fosse espírita, diria que é sobrenatural”.
Vânia Toledo, fotógrafa autodidata com 25 anos de carreira.


O.B.S. A foto acima foi eu que tirei, em Mundaú-CE, o primeiro pôr-do-sol de 2007.

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Cinema, comunicção e um pouco dessa história de contemporaneidade

Posted on maio 25, 2007. Filed under: cinema |

O que as pessoas podem esperar de um filme? No mínimo esperam que a comédia as faça rir, que o suspense as surpreenda, que o terror as assuste e que o drama emocione. Mas as pessoas não vão ao cinema apenas para ver um filme. Na sociedade projetada por Anthony Burgess, no livro “Laranja Mecânica”, o cinema (ou filmódromo) é apenas um lugar que exibe filmes horríveis e onde os adolescentes vão transar. Isso não está tão distante do mundo real. Os filmes adquiriram um caráter efêmero, algumas horas depois da exibição, há pessoas que nem lembram mais qual era o tema do filme, alguns meses depois nem se lembram os nomes… Não que atualmente não sejam feitos bons filmes, a sensação que tenho é que aparentemente não há mais segredos a serem desvendados no cinema, todos já sabem as fórmulas certas para fazer os filmes, embora esteja claro que a maioria não saiba como executá-las direito. Os temas se repetem isso não seria um problema se fossem abordados de modo diferente, mas não é o que acontece, veja o caso de Greasse e High School Musical, os dois musicais se passam em uma escola e os protagonistas têm medo de assumirem a sua personalidade e serem excluídos do grupo (até as canções são parecidas). Em Nascido para matar e Apocalypse Now ocorre repetição de temas, os dois tratam da guerra da Vietnã, e são os melhores filmes que já vi sobre isso, os filmes são diferentes, cada um traz um olhar inusitado sobre a guerra. Também existe aquele velho clichê dos filmes românticos com o garoto que no início é incapaz de se apaixonar e no meio do filme não resiste aos encantos da garota boazinha, inteligente e nem sempre muito bonita, isso acontece em My Fair Lady , Um Amor pra recordar, Orgulho e Preconceito e em muitos outros filmes românticos. E ainda não falei dos filmes de terror orientais (de muito mau gosto) que ganharam versões americanas (também não muito boas), nos quais sempre acontece a mesma coisa, aí vai a lista: O chamado, O chamado 2,O grito, O grito 2, A chave mestra e os que não ganharam versões, Visões, Visões 2, Espíritos e por aí vai… Sabe, olhando tudo isso e pensando em todos esses filmes, sinto muita falta do Stanley Kubrick.

Quer mais informações?
Stanley Kubrick:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Stanley_Kubrick
Apocalipse Now EUA -1979. Direção: Francis Ford Copola.
Laranja Mecânica: Livro de Anthony Burgess que recebeu adaptação para o cinema em 1971, foi relançado em 2004 pela editora Aleph, o preço médio é R$36,00

Dicas
Ás Segundas-Feiras, 19h na casa Amarela da UFC, acontece o Cineclube, de graça, o tema desse mês é Obsessão Amorosa, não percam!
Quer saber sobre cinema neo-realista italiano? Ás quartas-feiras na Casa Amarela da UFC ás 18h30min, depois do filme sempre rola uma palestra com um especialista no assunto.


E bem-vindos ao Cinema Emformação!
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A arte do efêmero

Posted on maio 24, 2007. Filed under: Daniel Bandeira, Teatro |

“O espetáculo é uma arte efêmera, que se realiza integralmente na sua duração. A construção de esforços artísticos, em torno do efêmero, atribui ao teatro miséria e grandeza inconfundíveis.”

Assim define Sabato Magaldi em seu livro Iniciação ao Teatro. Talvez seja essa a maior contradição do teatro: ele é grandioso, mas passageiro. Considero o teatro a arte mais impalpável. Você sempre poderá ter um clássico do cinema da década de 30, uma réplica do impecável David, os sonetos do eterno Vinícius ou os embalos dançantes dos Beatles. Mas o teatro é efêmero. Cenários, figurinos, músicas, textos e outros apetrechos sempre poderão ser guardados em papéis e caixas, mas nunca se poderá guardar a magia que se foi transmitida naquele instante que durou o espetáculo. Naquele instante você vê o ator, você escuta-o. É capaz de sentir seu calor, o cheiro do seu suor e até mesmo sentir o gosto das palavras. Público e ator estão um em face do outro. Os sentidos aguçam para que nenhum momento seja perdido. Cada momento é único: jamais será sentido aquilo novamente, jamais será alcançado aquele momento novamente. É esse o encanto do teatro, é a magia de ser efêmero.

Em nenhuma outra arte você é tão artista quanto nessa, afinal há três elementos básicos para existir teatro: ator, texto e público. E o último é, sem dúvidas, o mais importante. Apenas em poucas áreas contemporâneas se faz arte pensando no espectador. Mas no teatro o público é parte da arte, daí estuda-se o espetáculo, desde a construção do texto, pensando nesse elemento funcional à arte dramática. Por conta de sua efemeridade o teatro necessita de um público no momento exato de sua arte, sem ele não há espetáculo. Isso é o que o limita, mas o torna a mais intensa e viva de todas as artes. Ele é um turbilhão inusitado jogado ao espectador sem direito a segundo momento.

É dessa bomba-relógio pronta para explodir no momento da catarse (ou não) que irei analisar e criticar. Infelizmente nosso estado tem uma produção teatral intensa, porém pouco aproveitada. Sendo assim usarei o espaço para também divulgar espetáculos e eventos. E como fazedor de teatro na nossa cidade, os convido para a Bienal de Teatro – O Estudante Em Cena.

A Bienal é um momento de confraternização com os amantes de teatro das escolas de Fortaleza. Em sua 4ª edição conta com a presença de 14 colégios, apresentando 17 espetáculos, além de oficinas, gincanas, esquetes e experimentos. Todos os espetáculos são gratuitos, e vocês podem conferir toda programação na comunidade: http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=2014974&tid=2533624727160318993&start=1

Usando agora do tema escolhido pela Sara em sua coluna, farei um “merchan”:
O grupo TRAMA 7, do qual faço parte, se apresentará na Bienal no dia 25 de maio, com a peça SÓ ELES O SABEM. O espetáculos é composto por 5 cenas que são uma reflexão sobre a linguagem.

SÓ ELES O SABEM

Dia 25 de maio, sexta-feira, às 19h no Teatro Arena Aldeota (Rua Silva Paulet, 630. Colégio Christus Central). Entrada Gratuita.

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EmFormação Musical

Posted on maio 23, 2007. Filed under: Bruno Preá, Música |



O tempo insiste em passar. Não há remédio. As coisas evoluem. Crescem. Algumas nem tanto quanto se esperava. Outras, mais do que se esperava.

A música, assim como as outras formas de expressão e comunicação do ser humano, continua caminhando para frente. Por mais que nosso saudosismo insista em lembrar nossos ídolos como perfeitos e infinitamente melhores que os da geração seguinte, devemos ter a consciência de que o tempo passa e as coisas evoluem. Falando de música então…

Por isso, não podemos deixar passar despercebido o trabalho original feito por músicos Brasil adentro, nem o trocar pelo de suas influências, hoje aposentadas, ou muito menos por músicas de 3 minutos, que repete o refrão 5 vezes antes de repetir a letra inteira outras 3, servindo como chiclete nas mentes dos jovens e como lucro para gravadoras e empresários de vários tipos.

As formas de expressão da música cresceram bastante nos últimos anos. Várias batidas originais surgiram. Várias batidas já existentes foram aperfeiçoadas. Outras pouco mudaram, mas seus representantes dão um ar diferente e renovado ao estilo.

Muitas histórias serão contadas, a magia de um teatro em São Paulo, a redescoberta da batalha de indíos e ingleses na Ilha do Bananal provocando o surgimento de móveis do Brasil Colônia em Brasília, um cordel encantado no sertão de Pernambuco, a reinvenção do reggae de uma tribo do Maranhão, sem esquecer uma jumenta, hoje em planos superiores, que pariu uma mistura de forró e rock no Ceará…

Não cabe em um baú de cinzas, nem em versos. Não há redoma que proteja ou que a isole. A música, assim como o tempo, não pára.

E enquanto ela acontece bem debaixo dos nossos narizes, somos obrigados a cheirar a fuligem do filho do dono do Snoopy, e o odor podre de mortos-vivos que sobrevivem da merecida glória do passado que influenciou (ou não) as novidades, mas que se esqueceram de morrer ou da continuidade da vida.

Nosso intuito é informar a existência de músicos que buscam uma identidade no seu trabalho, o que gera múltiplas opiniões a respeito desse trabalho, enriquecendo a cultura dos jovens e lhes fornecendo argumentos diferentes do ambíguo “não gosto, é modinha” ou do vazio “adoro, toca na novela, na academia, no intervalo do colégio…”, além de promover a identificação dos jovens com a nova música.

Bem-vindos ao EmFormação Musical!

Agradecimentos/Créditos:
Alegoria da Caverna – pela música que está tocando “Não é pra qualquer um!”
Malvados, site do autor da tirinha: http://www.malvados.com.br/

PS.: para ler ouvindo o som do Alegoria da Caverna – Não é pra qualquer um!
só clicar ali no canto no final da pagina no player 😀

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Publicidade ou Propaganda? E que tal Merchandising?

Posted on maio 22, 2007. Filed under: Publicidade, Sara Aragão |

Já dizia o famoso trocadilho: Toda propaganda é uma publicidade, mas nem toda publicidade é uma propaganda. Uma propaganda tem por finalidade apresentar um produto ou uma área de trabalho e induzir o consumo do tal ou até mesmo da prestação de algum serviço. Já publicidade age de forma mais abrangente, não tem a obrigação de vender, mas sim levar o conhecimento ao alcance das pessoas, tornando íntima a relação entre projeto e cliente, fazendo uso de diversos mecanismos: a propaganda, o marketing (preocupa-se com preço, locais de distribuição, entre outros) ou o merchandising (aproveita-se de programas ou outras propagandas para se promover). E é neste que eu queria chegar, o famoso ‘Merchan’.

Muitos se confundem com o real significado da palavra merchandising – podendo ser traduzida de maneira mais geral por mercadização. Sabe aquela coisa chata que acontece quando você está assistindo a novela das 8 e aparece a Regina Duarte super entusiasmada com o novo creme da ‘Avon’ porque deixa as mãos mais suaves? Ou quando a Claudete (apresentadora) pára tudo pra apresentar a nova HP que não só tira foto como também filma, hein? E vem com cabo longo… Chato, não é? Eu também não gosto, porém essa é uma forma de merchandising e acredite: é a melhor forma de aproximar a marca do consumidor – imagens + produtos = testemunhal; e uma das mais caras, já que o retorno é muito maior e mais rápido que o de um anúncio/campanha.

Outras fomas de ‘Merchan’ é a degustação em supermercados, ou destacamento de produtos no meio de outros, tomamos como exemplo as prateleiras de bebidas sempre com um monte de pastilhas e amendoins pendurados pertinho delas apesar de ali não ser a seção deles.

Como espectadora, não aprovo a tática de merchandising, pois fica aquela cena solta. Porém, com olhos de futura publicitária, sou fã do merchan, já que aquela cena solta vem através da chamada de uma personalidade agindo como uma testemunha,o ouvinte, que já estava “ligado”, continua prestando atenção. E quem nunca se sentiu influenciado ao ver aquela celebridade usando ou mostrando um produto, hein?

-> O nascimento da Merchandising: [De acordo com o site wikipedia] Antigamente os produtores levavam suas mercadorias para serem comercializadas nos armazéns, onde todos os feijões ficavam em embalagens iguais (venda a granel).Alguns produtores decidiram destacar seus feijões dos outros inserindo uma inscrição na embalagem e assim diferenciando os seus produtos. A partir daí essa diferenciação foi evoluindo até se separar do produto em si e atuar isoladamente.
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